por Beatriz Zolin
A lubrificação vaginal não acontece apenas na hora do sexo. Conheça as causas da secreção que aparece na calcinha.
Já aconteceu de você estar no meio de uma atividade corriqueira, como ao trabalhar ou fazer compras, e sentir uma sensação de umidade na calcinha? Mesmo sem estar fazendo nada que remeta ao estímulo sexual, a lubrificação vaginal pode acontecer — e isso é completamente normal.
O que é o “molhado” na calcinha?
A umidade que aparece nas roupas íntimas nada mais é do que a secreção natural da vagina. “Da mesma forma que, no nariz, nós temos secreção; no olho, temos as lágrimas; e na boca, temos a saliva; na vagina, a gente tem a própria lubrificação, que é normal e esperada, inclusive”, explica a dra. Marcelle Thimoti, ginecologista e obstetra.
A função da secreção vaginal é manter a vagina limpa e protegida, evitando o ressecamento ou o surgimento de doenças causadas por fungos e bactérias. Ela costuma ser branca ou transparente e pode ser percebida na calcinha, em especial no fim do dia.
Por que às vezes sentimos a umidade com mais intensidade?
“Ela [a secreção vaginal] também pode variar em relação à quantidade, principalmente por causa das oscilações hormonais”, explica a ginecologista.
Durante o ciclo menstrual, a lubrificação se torna mais frequente e mais viscosa no período que antecede a ovulação, para permitir que o espermatozoide consiga se movimentar no canal vaginal e no útero e fertilizar o óvulo.
Já quando a mulher passa pela menopausa, a secreção diminui como parte de um processo chamado atrofia vaginal, que ocorre graças à queda na produção dos hormônios femininos. A falta de lubrificação pode causar dores e incômodos, em especial na hora do sexo.
Qual é a diferença dessa lubrificação para a da hora do sexo?
“A lubrificação da hora do sexo é estimulada. Existem determinadas glândulas que são acionadas e produzem uma secreção mais viscosa, que facilita a relação com penetração”, diferencia a dra. Marcelle.
Durante as relações sexuais, a secreção aparece em maior quantidade, para deixar o ato mais prazeroso e evitar que a fricção machuque a vagina. Mas a ginecologista ressalta que é esperado que a vagina esteja sempre lubrificada, independentemente de estímulo sexual ou não.
Quando a secreção vaginal não é normal?
No entanto, quando a secreção varia de cor e vem acompanhada de outros sintomas, é preciso investigar, pois pode ser sinal de alguma infecção. Ela pode ser amarelada, esverdeada ou acinzentada, além de ter aspecto semelhante ao pus ou com pequenos pedaços mais sólidos chamados de grumos.
Também pode surgir associada à coceira, por exemplo, como no caso da candidíase. Na vaginose bacteriana, ela aparece com um odor fétido, parecido com o cheiro de peixe. Quando se apresenta acompanhada de dor na parte inferior do abdômen (dor pélvica), febre e dor para urinar, pode ser alguma doença inflamatória pélvica. O melhor a fazer é procurar o médico para receber o diagnóstico e orientação adequada.
Pacientes na menopausa tendem a sentir a redução da lubrificação na hora do sexo ou o tempo inteiro, queixando-se de incômodo para fazer xixi ou ao colocar roupas mais justas. No entanto, existem tratamentos que podem amenizar esses sintomas, portanto é importante que as mulheres nessa fase da vida passem por uma avaliação médica.
“Geralmente, a lubrificação natural não vai trazer nenhum incômodo. Se houver um aumento [na produção], é preciso investigar se não há alguma causa hormonal e diferenciar desses outros corrimentos patológicos”, alerta a ginecologista.