15 de outubro de 2024 21:11

Fase do ciclo menstrual afeta sensibilidade à insulina; Entenda

Foto: Reprodução/Salomão Zoppi.

Novo estudo sugere que o cérebro reage de forma diferente à insulina de acordo com cada fase do ciclo menstrual. A reação tem impacto no comportamento alimentar e em todo o metabolismo.

As mulheres, em geral, conhecem bem essa experiência: todos os meses, tem uma hora que o comportamento alimentar parece mudar de repente. Por vezes, isso se manifesta por um aumento da fome, ou por um maior desejo de carboidratos.

O motivo pelo qual muitas têm vontade de comer chocolate num determinado período do ciclo menstrual ainda não foi cientificamente identificado. Mas uma equipe de pesquisa de várias universidades alemãs descobriu que o cérebro reage de forma diferente ao hormônio insulina, de acordo com cada fase menstrual. E tal reação pode ter efeitos de longo alcance.

A insulina atua diretamente em células nervosas especializadas, regulando assim o comportamento alimentar e o metabolismo. Ela desempenha, portanto, um papel decisivo no controle do peso, além de controlar o açúcar no sangue de pacientes com diabetes tipo 1.

Os pesquisadores, cujo estudo foi publicado nesta quinta-feira (21/09) na revista Nature Metabolism, presumem que a mudança na sensibilidade à insulina durante o ciclo menstrual influencia vários processos cognitivos e metabólicos que até agora não foram investigados de forma específica para cada sexo.

ENSAIOS CLÍNICOS NECESSITAM DE MAIS DIVERSIDADE

A partir de tais resultados, fica clara “a importância de se incluírem mulheres nos ensaios clínicos e atentar para a progressão de seus ciclos”, diz Anke Hinney, que pesquisa o papel dos genes no desenvolvimento de transtornos alimentares infanto-juvenis na Universidade de Duisburg-Essen, e não participou do estudo.

“Parece trivial que os resultados mostrados não teriam sido alcançados se só se tivessem observado homens. Porém essa é precisamente uma área central da medicina de gênero, para ajudar a melhorar a compreensão das causas de doenças em ambos os sexos.”

No estudo liderado por Martin Heni, especialista em medicina interna, endocrinologia e diabetologia, os pesquisadores viram que a sensibilidade do cérebro à insulina variava durante o ciclo menstrual das participantes. Na fase folicular, que ocorre antes da ovulação, o cérebro era muito sensível à insulina. Já na fase lútea, após a ovulação, o cérebro apresentava resistência à insulina. Comparando, em homens com peso normal, a sensibilidade do cérebro à insulina em geral é constante.

“Mulheres magras, portanto, comportam-se como homens magros na primeira metade do ciclo, enquanto na segunda metade elas aparentemente apresentam resistência à insulina, como visto antes em homens com sobrepeso”, diz Alexandra Kautzky-Willer, chefe de medicina de gênero da Universidade Médica de Viena, que tampouco participou do estudo.

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