Com preço do azeite em alta, muitos produtos similares são oferecidos aos consumidores
A alimentação representa um valor substancial da renda de grande parte da população. Por isso, há uma tentativa de diminuir o custo da cesta”, pondera.
ÉRICO VERASProfessor da UFC e pesquisador de Finanças Comportamentais
“Mas ocorre que, em alguns casos, os similares estão muito próximos na exposição do supermercado, e a pessoa compra um item mais barato achando ser a mesma coisa que o original”, completa, enfatizando haver uma lei determinando informações claras na embalagem.
A nutricionista Viviane Araújo acrescenta haver forma de melhorar o rendimento do produto e escolher opções diferentes para cada finalidade. “Para o consumo de saladas, recomendo o azeite extravirgem para quem puder fazer esse investimento. Para cozinhar ou refogar, pode-se usar apenas o virgem”, diz.
Os azeites de oliva extravirgem e virgem não utilizam produtos químicos na extração, sendo o primeiro considerado mais puro por possuir acidez máxima de 0,8%, enquanto o virgem varia até 2%.
Quais os impactos dos “azeites fakes” para a saúde e como escolher o melhor produto?
Para Viviane Araújo, quem adquire o azeite de oliva em busca dos benefícios alimentares deve ficar ainda mais cauteloso. “Por ser considerada uma gordura boa e usada para reduzir os riscos de algumas doenças, o consumo desse alimento tem aumentado, e algumas marcas se aproveitaram disso para tentar enganar os consumidores”, observa a nutricionista.
Além de ter sido enganado, o consumidor que compra esses óleos misturados está consumindo gorduras ruins, que podem aumentar o colesterol, principalmente para quem já possui alguma doença”, reforça.
VIVIANE ARAÚJONutricionista
Veja as dicas da nutricionista para escolher o melhor azeite:
- O ideal é uma embalagem de vidro e escura. Evite frascos transparentes e de plásticos em razão da oxidação;
- Veja a acidez no rótulo. O azeite “muito bom” tem 0,5% de acidez, mas até 0,8% é considerado de qualidade;
- Na parte dos ingredientes, deve constar apenas azeite de oliva na composição. Quando houver outros óleos adicionados, como o de soja, já é considerado um similar;
- Quanto mais jovem, melhor. O ideal é não ultrapassar os seis meses da data de fabricação;
- Após avaliar esses critérios, escolha pelo produto no fim da prateleira, que está protegido da luz.
Preço muito baixo é indicativo de fraude; veja direitos do consumidor
O azeite de oliva também é alvo de diversas fraudes, com adição de óleo vegetal, corantes e aromas não permitidos. Para impedir o avanço de misturas fraudulentas no mercado, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) faz operações constantes.
“Sempre sugerimos optar pelas marcas conhecidas, verificar onde o azeite é produzido e envasado. Além disso, ficar atento ao preço é muito importante, não existe milagre. Estamos passando por uma crise climática que tem afetado a produção da azeitona, aumentando o custo do azeite”, lembra.
Diferentemente do alimento fraudado, as misturas de óleos de soja são legalmente permitidas, desde que esclareçam, no rótulo, qual fórmula utilizam. Mas isso não impede práticas abusivas, de acordo com a presidente do Procon Fortaleza, Eneylândia Rabelo.
“A informação no rótulo, de forma destacada, é uma obrigação do fabricante. Contudo, o fornecedor deve colocar o produto em prateleira diferente daqueles puros na substância”, complementa.
A denúncia aos órgãos de defesa do consumidor deve ocorrer quando faltar informação clara, precisa e ostensiva, bem como pela disposição do artigo misto no mesmo espaço de venda dos demais.
Ao Mapa, a reportagem perguntou ainda quantas operações de fiscalização foram realizadas no Ceará neste ano e quais azeites poderiam ter sido fraudados no Estado.