“Fico espantada como as pessoas se adequam rapidamente às conjunturas que lhe interessam”, disse a ministra na sabatina de Moraes
A relação de lua de mel do PT com o ministro Alexandre de Moraes é uma novidade. O partido foi contra sua nomeação para o Supremo Tribunal Federal em 2017 e expôs críticas durante a sabatina e em nota oficial.
Na época, a hoje ministra Gleisi Hoffmann (PT-PR) afirmou que Moraes era uma ameaça à democracia no Brasil e o acusou de perseguir opositores.
Moraes não respondeu diretamente a esses ataques da ministra. Ele foi indicado pelo então presidente Michel Temer, de quem foi ministro da Justiça.
Oito anos depois, Gleisi mudou totalmente sua posição e hoje milita em apoio ao ministro – alvo de sanções do governo Donald Trump acusado de perseguir políticos de direita, em especial o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Na sabatina, a então senadora criticou o finado PSDB por mudar de posição de acordo com a conveniência política – os tucanos condenaram Edson Fachin por posições políticas à esquerda, mas pouparam Moraes:
“Eu fico espantada como as pessoas se adequam rapidamente às conjunturas que lhes interessam.”
“Será que, mais uma vez, teremos na República alguém pedindo para esquecermos o que escreveu?”
Leia o discurso da então senadora:
Eu fico espantada com a forma como as pessoas se adequam rapidamente às conjunturas que lhes interessam. Acabou-se de discursar sobre a necessidade de respeitar os posicionamentos políticos dos indicados ao STF.
Vivemos tempos sombrios. É indiscutível que o país atravessa uma séria e profunda crise política e institucional, que impõe grandes desafios à nossa golpeada democracia. Por isso, o incômodo e o temor em relação à sua indicação.
O abaixo-assinado do 11 de Agosto, por exemplo, reuniu 278 assinaturas contrárias à sua indicação.
O senador Requião — digno de ser ouvido — relatou que contratou um especialista jurídico para orientá-lo sobre apoiar ou não sua candidatura ao Supremo. Segundo ele, o especialista afirmou: se Alexandre de Moraes fosse senador, ele não votaria no indicado Alexandre de Moraes.
Será que, mais uma vez, teremos na República alguém pedindo para esquecermos o que escreveu?