11 de dezembro de 2025 07:52

Escravas sexuais brasileiras na Espanha tinham 15 “clientes” por dia

Garotas de programa eram aliciadas em casas noturnas do Brasil. Organização criminosa teria lucrado R$ 40 milhões

As 28 brasileiras que eram mantidas como escravas sexuais e que foram resgatadas pela Polícia Nacional da Espanha, na cidade de Álava, viviam em condições desumanas e eram obrigadas a ter relações com até 15 homens por dia, de acordo com investigações realizadas em parceria com a Polícia Federal (PF).

Nesta quarta-feira (10/12), foi deflagrada a Operação Alícia, para desarticular o núcleo da organização criminosa responsável por recrutar as mulheres no Brasil. Foram cumpridos mandados em São Paulo, Ubatuba, Jundiaí e em Rio das Ostras, no Rio de Janeiro.

Três aliciadores foram presos: um homem e duas mulheres. Outras duas pessoas foram presas na Espanha.

As vítimas do grupo, segundo a PF, eram garotas de programa em situação de vulnerabilidade, que atendiam em casas noturnas de diferentes cidades. Os aliciadores se aproximavam, oferecendo clientes estrangeiros, melhores condições de trabalho e mais recursos.

A Polícia Federal estima que a organização criminosa tenha obtido aproximadamente R$ 40 milhões com o tráfico de pessoas. O montante foi bloqueado judicialmente.

“Quando elas chegavam à Espanha, as condições eram completamente diferentes daquelas prometidas”, afirma o delegado da PF Daniel Coraça. “As passagens aéreas de retorno eram canceladas, o passaporte ficava com a organização criminosa, e as condições de trabalho eram degradantes”, complementa.

“Elas não podiam, por exemplo, recusar algum cliente. Tinham que fazer até 15 programas por dia. Se o cliente fosse usuário de droga e quisesse usar junto com a vítima, elas eram obrigadas a usar a droga. Tudo isso ocorria sob a ameaça da organização criminosa, que tinha ramificação no Brasil. Diziam que conheciam os parentes, a mãe, os filhos. Elas ficavam com medo”, acrescenta Coraça.

Ainda segundo o delegado, com o objetivo de despistar as autoridades, as mulheres mantidas como escravas sexuais eram transferidas de cidades regularmente pela quadrilha. Elas eram mantidas em grandes imóveis alugados, sempre sob a custódia de pelo menos um dos criminosos. Os “clientes” eram atraídos até o local por meio de anúncios na internet. Até o momento, não há indícios de que eles soubessem das condições em que as mulheres se encontravam.

As 28 brasileiras foram libertadas em junho deste ano, com outras cinco estrangeiras, em uma operação da Polícia Nacional da Espanha. A partir disso, foi possível identificar os aliciadores e outros integrantes da organização criminosa.

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