Captura de tela de um vídeo postado pela Procuradora-Geral dos EUA, Pam Bondi, mostra a execução de ‘um mandado de apreensão de um petroleiro usado para transportar petróleo sancionado da Venezuela e do Irã’
Presidente dos EUA afirmou que ficará com a carga do navio, que também era utilizado pelo Irã; em meio à escalada de tensão, republicano alertou Gustavo Petro sobre a Colômbia
- Por Jovem Pan
O presidente Donald Trump apertou o torniquete sobre a Venezuela nesta quarta-feira (10) ao apreender um navio-petroleiro sancionado que era utilizado por Caracas e Teerã, uma operação classificada de “roubo descarado” pelo governo de Nicolás Maduro. “Acabamos de apreender um petroleiro na costa da Venezuela, um grande petroleiro, o maior já apreendido, na verdade”, disse Trump a jornalistas durante evento na Casa Branca.
O navio-tanque foi utilizado durante anos por Venezuela e Irã para transportar petróleo, apesar das sanções internacionais contra os dois países, detalhou a procuradora-geral dos Estados Unidos, Pam Bondi, em uma mensagem posterior na rede X. A publicação está acompanhada de um vídeo no qual é possível ver um grupo de militares descendo de helicópteros e abordando o navio em alto-mar.
Responsável por uma forte campanha contra o governo de Nicolás Maduro desde que voltou à Casa Branca, Trump acrescentou: “assumo que ficaremos com o petróleo.” “A Venezuela denuncia e repudia energicamente o que constitui um roubo descarado e um ato de pirataria internacional”, afirmou a chancelaria venezuelana.
‘Dias contados’
Trump considerou que os dias de Maduro estavam “contados” em uma entrevista recente ao site Politico.
O principal recurso da Venezuela é o petróleo, que está submetido a um embargo, o que obriga o país sul-americano a colocar sua produção no mercado paralelo a preços consideravelmente mais baixos, destinada principalmente a países asiáticos.
Washington também acusa o governo Maduro de ser um regime “narcoterrorista” e, por isso, iniciou uma campanha militar para destruir o que apresenta como lanchas carregadas de drogas no Mar do Caribe e no Oceano Pacífico.
A operação, realizada com um inédito destacamento naval e aéreo, inclui o maior porta-aviões do mundo, o USS Gerald R. Ford. Até agora, a campanha contabiliza mais de 20 ataques e ao menos 87 mortos.
Enquanto Trump anunciava a apreensão, Maduro participava de um ato diante de uma multidão de apoiadores em Caracas. “Da Venezuela pedimos e exigimos o fim do intervencionismo ilegal e brutal do governo dos Estados Unidos na Venezuela e na América Latina”, declarou o líder chavista.
O anúncio desafiador de Trump ocorreu depois de a filha da principal opositora venezuelana, María Corina Machado, receber em Oslo o Prêmio Nobel da Paz concedido à sua mãe.
A opositora, na clandestinidade desde as eleições de 2024, alegadamente vencidas por Maduro, não conseguiu deixar a Venezuela a tempo de receber pessoalmente o prêmio nesta quarta-feira, e chegou um dia depois a Oslo, anunciou o Comitê Nobel. Corina Machado deve, em princípio, retornar ao país após sua agenda e homenagens na capital norueguesa.
“Não seria do meu agrado que ela fosse detida, eu não ficaria feliz”, declarou Trump em resposta a perguntas de jornalistas na Casa Branca.
Outra fonte de tensão na região é a relação com a Colômbia, que por décadas foi o principal aliado dos Estados Unidos na luta antidrogas na América Latina, mas agora enfrenta abertamente Washington.
Trump reiterou, nos últimos meses, que a campanha militar contra os cartéis “narcoterroristas” começará “muito em breve” por terra, em referência à Venezuela ou a outros países da região. “É melhor ele ficar esperto, ou será o próximo. Espero que ele esteja ouvindo”, disse.
Questionado se estaria disposto a telefonar para Petro, como já fez com Maduro, Trump respondeu: “Não pensei muito nisso.”
Publicado por Nícolas Robert


